O MUNDO DO
TRABALHO: NO CAPITALISMO MODERNO E NA EJA
1 INTRODUÇÃO
A Revolução Industrial
causou um grande impacto na sociedade, principalmente no trabalho e na educação
da EJA, onde os indivíduos sentiram a necessidade de ter uma formação
profissional, para atender a demanda do mercado de trabalho, bem como atender
as necessidades de uma sociedade capitalista, onde as pessoas trabalham visando
acumular riquezas.
A sociedade passou por algumas
transformações, se antes era o modo feudal que regia, onde o domínio era da
economia de subsistência, com pouco foco para a troca, e o comércio agora é o
modo capitalista, que é a produção por troca e consumo. A educação na época
capitalista forja a ideia de escola pública, gratuita, com a responsabilidade
pela reprodução do modo de produção capitalista.
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DESENVOLVIMENTO
2.1 O mundo do trabalho: No capitalismo
moderno
O termo trabalho foi construído historicamente, sobre a
ação do homem, o qual foi visto como a essência da vida humana, pois o homem age
na natureza adequando e transformando-a para suprir as suas necessidades.
De acordo com SAVIANI (2007, p. 154) “Prevalecia, aí, o
modo de produção comunal, também chamado de “comunismo primitivo”. Não havia a
divisão em classes. Tudo era feito em comum”.
Para o autor o trabalho na sociedade primitiva era
realizado coletivamente, não havendo separação por classes sociais, e com o
desenvolvimento da produção, da apropriação privada da terra, gerou uma divisão
de trabalho, uma separação por classes sociais. Sendo elas: A classe dos proprietários e a dos
não proprietários de terras, neste período o trabalho era realizado
dominantemente pelos escravos, onde os beneficiados eram os proprietários.
A relação trabalho e educação sofreram novas alterações
devido a um novo modo de produção capitalista, diferente do modo feudal, no
capitalismo a produção era realizada por troca, ou seja, pelo consumo, neste
contexto as indústrias surgiram, exigindo uma qualificação profissional e
especializada para promover uma concorrência de mercado.
Com o capitalismo
percebemos que os lucros são produzidos pela classe menos favorecida, ou seja,
a exploração da mão de obra menos qualificada para o benefício da burguesia.
O filme “Servidão Moderna” representa a sociedade
contemporânea, ou seja, capitalista, a qual se entende que trabalhamos para
adquirir riquezas, e essas riquezas foram produzidas por outros trabalhadores
que estão em busca de mais bens ou riquezas, subentende-se que estamos na
civilização moderna, capitalista e mercante, escravos trabalhando para
escravos.
Desta forma se gera uma rotina muito viciosa que é o
consumismo, onde se procura trabalho, para se ter recursos financeiros, para se
obter riquezas, sendo que, essas riquezas são produzidas na sua maioria de
formas limitada, o que aguça ainda mais nossa vontade de consumir.
Gerando assim uma
falsa sensação de liberdade e de escolha, tanto no quesito comercial (consumir
marca A ou B) como no quesito político, votar no Partido A ou B, enquanto que
de acordo com o filme, não existe nenhuma diferencia em essência apenas na
forma que foi apresentada.
2.2 O mundo do trabalho: Educação de Jovens
e Adultos
De acordo com SAVIANI (2007,
p.154) “A origem da educação coincide, então, com a origem do homem mesmo”.
Neste contexto o homem aprende com a interação, socialmente constrói suas
aprendizagens, através de suas experiências de vida, se educando e educando os demais,
sendo a educação uma ação espontânea e coletiva, presente inclusive em um
momento anterior a escola.
Na sociedade primitiva não havia uma educação diferenciada,
e nem no trabalho, mas com a produção, gerou uma divisão de classes sociais,
influenciando diretamente na educação, onde a classe proprietária era para os
homens livres, direcionadas a atividades intelectuais, ou militares realizadas
dentro da instituição escolar e a não operária era destinada a escravos e
serviçais, realizada fora da escola, sendo a educação voltada ao próprio
trabalho.
Neste contexto houve uma ruptura entre a educação e o
trabalho, devido à construção de uma sociedade por classes sociais, nas formas
escravista e feudal, mas através da Revolução Industrial constituiu-se um novo
modo de produção, o capitalista, que gerou grandes transformações,
principalmente referentes à educação, a qual era primeiramente direito de poucos,
ou seja, de elite, e passa a ser direito de todos e gratuito, mas ainda não
havendo uma busca de educação igualitária a todas, tendo em vista o caráter
pragmático e utilitário da educação para as classes baixas, com foco numa
criação de um melhor e mais efetivo operário.
De acordo com SAVIANI (2007, p. 159) “O impacto da
Revolução Industrial pôs em questão a separação entre instrução e trabalho
produtivo, forçando a escola a ligar-se, de alguma maneira, ao mundo da
produção.”.
A Revolução industrial influenciou na organização
escolar, fazendo com que a escola voltasse ao mundo do trabalho, para atender
as demandas de uma sociedade industrial, oferecendo uma educação relacionada ao
trabalho, bem como cursos profissionalizantes ligados a produção.
A sociedade passou por varias transformações, as quais
influenciaram na educação da EJA e no mundo do trabalho, exigindo do
trabalhador uma qualificação profissional, que atendesse as demandas do atual
mercado de trabalho.
A educação para jovens e adultos torna-se uma realidade a
partir do final do século XIX em alguns países considerados desenvolvidos do
ponto de vista de sua industrialização e algumas conquistas sociais, como no
caso da Inglaterra. Para ROMANZINI (2010) o conceito para essa modalidade de
ensino era de “educação contínua”, sugerindo que o processo de aprendizagem
deveria se processar de forma constante, sem limites estanques.
O Ensino de Jovens e Adultos no Brasil (EJA) está
inserido na meta do Estado brasileiro de erradicar o analfabetismo juntamente
com a de proporcionar à população cuja faixa etária não se adéqua mais ao
Ensino Fundamental e Ensino Médio, a complementação de sua formação escolar.
Embora as cartilhas do governo enfatizem a necessidade de
promover entre os sujeitos do EJA, segundo SAVIANI (2007) o aprendizado para a
formação escolar, também está enfatizada a formação de sujeitos sociais
críticos e aptos a lidar com as exigências de um mundo em transformação. Mas o
que se observa, na prática, são pessoas voltando aos bancos das salas de aula
em busca de uma certificação básica, a fim de, em sua maioria, estarem mais
aptos ao mundo do trabalho, não que isso fosse garantia.
Atualmente, no entanto, é notório que o público adulto
está inserido ou tentando se inserir no processo profissional. Em outras palavras,
tentando garantir o emprego ou buscando alguma forma de trabalho que
possibilite antes de tudo, a própria sobrevivência ou um maior status e mobilidade econômica.
ROMANZINI (2010) coloca que as classes menos favorecidas,
basicamente trabalhadores de baixa renda, juntamente com etnias pardas, negras
e mestiças em geral, estão excluídas de uma práxis verdadeiramente educativa e
de consciência transformadora.
Para a autora a consequência é uma educação elitizada, ou
melhor, uma educação de qualidade cujo acesso está focado nas elites, restando
às classes e etnias citadas (o que em muitos casos, é a mesma coisa) uma
educação precária e de qualidade questionável. Os trabalhadores, sobretudo,
recebem aquilo que para eles está previamente definido por uma sociedade
estruturada pelo capitalismo que em tese lhes permitirá servir apenas como
melhor mão de obra.
Para estes trabalhadores são destinado um tipo especifico
de educação: Fragmentada, superficial, de baixíssima qualidade, formatada para
a composição de um exército de reserva de mão de
obra barata e disponível a qualquer tempo.
A história do capitalismo é, antes de tudo, a história do
esforço da classe capitalista em controlar e disciplinar a classe trabalhadora,
para que aceite desempenhar um trabalho, o mais diligente possível e que esses
trabalhadores conformem-se com o fato de que os produtos desse trabalho sejam
apropriados pelos capitalistas e apenas a eles gere riquezas. (WOLFF, 2004,
p.2)
E o público do EJA é revestido de uma imagem de exclusão
social. Segundo MARTINS (1997), referindo-se ao grande contingente de mão de
obra precária tida como excluída da cidadania, não existe exclusão, porque
todos estão incluídos na sociedade. O que há é uma fetichização da ideia de
exclusão. Sociologicamente não existe exclusão. Existe uma inclusão precária,
instável e marginal decorrente de uma situação econômica.
E que resulta para muitos na sociedade, em ocupar apenas
lugares residuais. A exclusão passou a ser notada porque a inclusão proposta pelo
capitalismo está muito lenta. O período de passagem da exclusão para a inclusão
está muito longo, ultrapassou a transitoriedade, está se transformando num modo
de vida. (MARTINS, 1997).
Neste contexto está visível que na atual sociedade
capitalista há uma grande desigualdade social, onde a exclusão se faz presente,
os alunos da EJA são alunos que já foram excluídos pelo ensino regular, e
buscam nesta modalidade de ensino a sua inserção na sociedade, no mundo do
trabalho, bem como sua valorização.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Tanto o trabalho como a educação foi constituído
socialmente, passaram por transformações, visando atender a demanda da
sociedade correspondente a cada época, influenciando diretamente no modo de
vida. No caso de uma sociedade capitalista tanto o trabalho como a educação tem
como objetivo manter certo status, embora permita certa mobilidade (ou ilusão
de mobilidade) social, que serviria exatamente como forma de proteger o
sistema.
A educação tem então um objetivo a princípio de gerar apenas
melhores trabalhadores para manter a “engrenagem” funcionando, que se adapta
dependendo da época do capitalismo. Para sair então deste círculo vicioso é
preciso que tanto os trabalhadores se dessem de conta que são a maioria e que
tem o poder em suas mãos, e a escola que assumisse um papel não só de formadora
de melhores trabalhadores e cidadãos utilitários, mas também como formadora de
pessoas autoconscientes e capazes de mudar a si mesmos e o mundo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS,
José de S. Exclusão social e a nova
desigualdade. São Paulo: Paulus, 1997.
ROMANZINI,
Beatriz. EJA – Ensino de Jovens e
Adultos e o mercado de trabalho. Qual ensino? Qual trabalho? Disponível em: http://www.uel.br/projetos/lenpes/pages/arquivos/aBeatriz%20Artigo.
Pdf. Acessado em 20/06/15.
SAVIANI,
Dermeval. Trabalho e Educação:
fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação v. 12
n. 34 jan./abr. 2007. Caderno didático da disciplina EJA e Mundo do Trabalho.
Curso de Especialização de Educação de Jovens e Adultos na Diversidade. FURG,
2015.
WOLFF,
Simone. O espectro da reificação em uma
empresa de telecomunicações: o processo de trabalho sob os novos parâmetros
gerenciais e tecnológicos. Campinas: Unicamp, 2004.